22.9.10

Eles não estavam mais juntos, mas dentro dela havia uma esperança. Ela o encontrou triste num canto, resolveu conversar. No entanto o que parecia ser tão óbvio não era o que ela imaginava. Talvez ele já tivesse superado tudo. Mesmo assim conversaram, e em meio às lágrimas trocaram carícias, beijos, e ela achou que aquilo poderia ser o começo de uma reconciliação. Se afastou por uns minutos, estava confusa. Também sentia algo inexplicável por outra pessoa, era um sentimento seguro, como se nele tivesse depositado toda a sua confiança. Mas embora achasse que esse sentimento era pra valer, resolveu ir atrás do antigo amor. E numa sala de estar, em cima de um sofá aconchegante lá estava ele, porém acompanhado, por outra menina, em momentos íntimos de pura luxúria. Ela não acreditava no que seus olhos viam, mas bastou um olhar dele em sua direção, com cara de deboche, pra que ela pudesse entender tudo. Era uma vingança terrível, mesquinha, planejada com a frieza de um homem abandonado. E apesar da surpresa e da indignação, ela ergueu a cabeça e foi atrás do novo amor. Talvez nele encontrasse o consolo que precisava, talvez pudesse depositar nele todo o amor que outrora pensou em resgatar com seu antigo parceiro. E como se já não bastasse a decepção sofrida antes, ela também não encontrou abrigo nos braços daquele rapaz onde pretendia reviver uma história de amor. Ele também a abandonara, justamente no momento em que ela mais precisaria de todas as suas juras e provas intermináveis. Estava arrasada, com medo, com raiva, mergulhada em lágrimas, e acordou. O alívio foi imediato, era só um sonho.

19.9.10

The End.

É como se o vazio habitasse em mim, embora eu não possa mais voltar atrás, e nem queira, embora eu queira resgatar o que me faz falta, e não possa. Certas pessoas se tornam inatingíveis pela ação do tempo, da vida, da morte... Outras a gente trata de afastá-las, sem querer, e sem saber se consegue permanecer longe. Não sei se foi uma questão de ingratidão eu me afastar de ti, talvez egoísmo, covardia, medo. Egoísmo, exatamente. É quando você acha que pra ser feliz, precisa se colocar na frente de tudo e de todos, pensar primeiro em si. O que nós, egoístas, não sabemos, é que ninguém consegue ser feliz sem fazer alguém feliz. Mas isso não basta. Nós queremos ser felizes primeiro, e a partir dai proporcionar a felicidade do outro. Talvez tenha sido por isso que eu te magoei, puro egoísmo. Ingratidão, não. 
É complicado admitir o próprio egoísmo. Mas eu enxergo nisso um ato nobre. Um egoísta infeliz não é capaz de fazer ninguém feliz. E mesmo que ele precise magoar essa pessoa para que ela entenda isso, ainda assim é nobre. Porque ninguém quer e nem deve querer viver de migalhas, de retalhos, restos de amor ou o que quer que seja. É preciso saber a hora exata de dizer adeus, quem sabe assim a história dure para sempre. Eu não quis te oferecer o que sobrou. Já não era o suficiente, não era o que você queria, o que merecia. Prefiro guardar pra mim o que sobrou, e exercitar ainda mais o meu lado egoísta, embora eu tenha certeza de que tal ato vai te fazer bem melhor. Ou vai me fazer melhor? Espero que me faça, e te faça depois. O meu egoísmo é inevitável, mas te quero bem.